Platform Product Managers — do que se alimentam

Débora Ferreira
3 min readApr 1, 2021

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O quão técnico precisa ser? Como é a interface com os desenvolvedores? Eu vou me afastar pra sempre do negócio?

No meio do dia-a-dia de tarefas e compartilhamentos com time me surgiu a pergunta "o que faz de diferente um PM que cuida de plataformas?". Após o papo para esclarecer a dúvida me lembrei que já passei por esse questionamento antes e decidi compartilhar aqui também.

Entrar no iFood e assumir a parte de plataformas de atendimento não foi meu primeiro contato com este mundo, ter trabalhado por 8 anos em plataforma de e-commerce me rendeu bastante familiaridade com termos, soluções e dificuldades comuns. Fora o fato de ter me formado programando e sempre ter tido interesse na parte mais técnica do escritório, que me desperta curiosidade de saber o porquê das coisas assim como o como.

E acho que este é o maior delimitador: como PM, estamos acostumados em identificar oportunidades, refinar as dores e problemas e levar esse contexto para discussão de soluções. Neste estágio, nos apegamos ao fato de fazer com que a solução seja factível, seja atrativa, seja alinhada com nossa estratégia. Mas o grande fato é que nossa equipe de design e desenvolvimento é quem chega com os comos. Nós apenas lapidamos. Questionamos, contribuímos, acompanhamos, mas eles são os responsáveis por assumir e criar a solução. E ter a confiança que o seu time é capaz disso é tão importante quanto o time confiar em seu trabalho prévio e posterior em todo ciclo de produto.

Se tratando de um produto de plataforma, é claro que toda discussão gira em torno de infraestrutura, resiliência, ferramentas, performance. É mais comum olharmos para serviços, linhas e código e gráficos de acompanhamento do que para uma interface. Mas este é o mais aprofundado que o PM precisa ser. Precisa entender o uso de cada, como extrair valor disso e das técnicas que pode usar em cada momento, mas não entender exatamente o que cada serviço faz ou ainda ter que contribuir com isso. Pra isso temos nosso time técnico que dá mais que conta do recado. O que podemos, claro, é ter curiosidade sobre os porquês e aprender mais sobre este mundo. Mas isso não vai mudar sua entrega — é puramente curiosidade e desenvolvimento pessoal.

Ou seja, quanto mais nebuloso ou distante o conhecimento aprofundado de integrantes do time sobre os diferentes domínios, mais confiança deve existir. Também é preciso colaboração. Eu inicio qualquer tópico fazendo um rascunho, colocando os principais atores envolvidos em uma hipótese e isso no final vira uma documentação de arquitetura, serviços, produtos e protocolos. Como? Com cada um fazendo sua parte e contribuindo para a mesma ideia em suas diferentes frentes. Assim como mais comunicação e mais vontade de entender e se fazer entendido. Como temos que compartilhar muito visão de negócio e visão técnica, mas nos é exigido que tenhamos a capacidade de nos comunicar entre os mais diversos contextos, contribuindo juntos e confiando que todos estão fazendo o melhor trabalho possível.

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